Os morcegos costumam voar em trajetos muito parecidos noite após noite, o que desperta curiosidade em pesquisadores e observadores da natureza. Entre as espécies mais estudadas está o morcego-frugívoro Artibeus lituratus, bastante comum em áreas urbanas e rurais do Brasil. Esse comportamento de repetir caminhos está ligado à alimentação, à segurança e à forma como esses mamíferos se orientam no espaço modificado pelo ser humano.

Por que os morcegos voam em rotas parecidas todas as noites?
A principal explicação para as rotas de voo repetidas está relacionada à eficiência energética. Voar exige gasto considerável de energia, e percorrer caminhos já conhecidos permite reduzir esse custo, encurtando o tempo entre o abrigo e as fontes de alimento.
Ao memorizar percursos que levam diretamente a figueiras, jaqueiras ou outras árvores frutíferas confiáveis, o morcego otimiza tempo e energia. Esse padrão diário é essencial para sua sobrevivência e ajuda a manter uma rotina previsível de forrageamento, mesmo em ambientes urbanos complexos.

Como a segurança influencia a escolha das rotas de voo dos morcegos?
Além da economia de energia, a segurança é um fator decisivo na repetição de rotas. Caminhos familiares ajudam o morcego a evitar fios, construções, áreas muito iluminadas e outros obstáculos que podem atrapalhar a navegação noturna ou aumentar o risco de colisões.
Combinando memória espacial, ecolocalização e visão, esses mamíferos constroem mapas mentais detalhados de seu território. Assim, retornam frequentemente pelos mesmos trajetos, reduzindo surpresas e melhorando as chances de detectar predadores e fontes de perturbação, como tráfego intenso.
Como o morcego-frugívoro Artibeus lituratus escolhe e organiza seu caminho?
O Artibeus lituratus é um morcego frugívoro de médio porte, comum em florestas, áreas de mata fragmentada e cidades. A escolha das rotas de voo depende da localização dos frutos disponíveis, da distância até o abrigo diurno e da presença de corredores de vegetação que facilitem o deslocamento.
Ao longo da paisagem, essa espécie tende a priorizar caminhos que ofereçam abrigo visual e maior previsibilidade. Algumas estratégias de uso do espaço são frequentemente registradas em estudos de marcação, rádio-transmissão e rastreamento por GPS:
- Usar rotas lineares ao longo de rios, cercas vivas e fileiras de árvores;
- Aproveitar corredores de vegetação que conectam fragmentos de mata;
- Retornar a pontos de alimentação previsíveis, como árvores que frutificam regularmente;
- Evitar áreas excessivamente iluminadas ou com tráfego intenso.
De que forma os morcegos memorizam e ajustam suas rotas de voo?
A maneira como os morcegos gravam e repetem rotas envolve a integração de vários sentidos e experiências prévias. A ecolocalização fornece informações rápidas sobre obstáculos próximos, enquanto a visão identifica elementos mais distantes, como o contorno de morros e copas de árvores.
A partir dessa combinação, o animal forma um mapa interno que é usado todas as noites e ajustado conforme o ambiente muda. De forma simplificada, o processo inclui exploração inicial, memorização de pontos-chave e escolha dos trajetos mais eficientes, com adaptações quando árvores deixam de frutificar ou surgem novas barreiras.
Muita gente percebe que os morcegos passam quase sempre pelos mesmos lugares ao voar. Neste vídeo do canal Zoomundo, com aproximadamente 201 mil de inscritos e mais de 228 mil de visualizações, o conteúdo explica o que repetidas e como elas são formadas:
Qual é o papel do aprendizado social nas rotas do Artibeus lituratus?
No caso do Artibeus lituratus, o aprendizado social reforça a formação dessas rotas estáveis. Filhotes e indivíduos jovens podem acompanhar adultos experientes, observando quais áreas são mais ricas em frutos e quais percursos oferecem menor risco.
Esse convívio em grupo facilita a transmissão de informações sobre abrigos alternativos, épocas de frutificação e rotas mais vantajosas. Assim, o voo não é apenas instintivo, mas também resultado de aprendizado ao longo da vida e entre gerações, o que fortalece a repetição dos mesmos caminhos.
Como as rotas repetidas dos morcegos afetam o ambiente e a paisagem?
O hábito de retornar sempre às mesmas áreas torna o morcego-frugívoro um agente importante de dispersão de sementes ao longo de rotas definidas. Ao consumir frutos e voar entre fragmentos de vegetação, o animal deposita sementes em diferentes pontos, ajudando na regeneração de matas e na conexão entre ambientes isolados.
Em regiões urbanas e periurbanas, onde o Artibeus lituratus é comum, essas rotas estáveis podem favorecer a manutenção de áreas verdes em parques, praças e quintais com árvores frutíferas. Compreender esses caminhos auxilia no planejamento de corredores ecológicos e na avaliação de como iluminação pública, desmatamento e novas construções alteram o comportamento de voo dos morcegos.
