A taxa de desemprego no Brasil registrou uma redução de 0,6 ponto percentual no trimestre encerrado em maio, ficando em 6,2%. Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o contingente de trabalhadores com carteira assinada no setor privado atingiu patamar recorde.

O número de pessoas desocupadas foi de 6,8 milhões, uma queda de 8,6% em comparação com o trimestre anterior, quando 7,5 milhões de pessoas estavam desocupadas. A quantidade de pessoas ocupadas em maio foi de 103,9 milhões de pessoas, um avanço de 1,2% na comparação com o trimestre anterior e alta de 2,5% na relação anual. Já o nível de ocupação, que responde pelo percentual de pessoas ocupadas em idade de trabalhar, atingiu 58,5%.
O contingente de pessoas com carteira assinada no setor privado atingiu 39,8 milhões de pessoas no trimestre encerrado em maio. Outro destaque foi a quantidade de desalentados, pessoas sem ocupação e que não buscam um trabalho, que teve uma redução de 10,6%, para 2,9 milhões, menor patamar desde 2016.
Segundo o analista da pesquisa, William Kratochwill, o resultado indica que o mercado de trabalho está no melhor patamar dos últimos 10 anos, em um cenário aquecido e com o aumento de vagas formais. “Os principais responsáveis para a redução expressiva da taxa de desocupação foram o aumento do contingente de ocupados, que cresceu 1,2 milhão de pessoas, naturalmente reduzindo a desocupação, além de taxas de subutilização mais baixas”, comentou.
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Informalidade

A taxa de informalidade foi de 37,8% no período, o que corresponde a 39,3 milhões de trabalhadores informais. O índice é inferior ao verificado no trimestre móvel anterior, que era de 38,1%. A queda na informalidade é consequência da estabilidade do contingente de trabalhadores sem carteira assinada, acompanhada da alta de 3,7% do número de trabalhadores por conta própria com CNPJ.
Já a taxa composta de subutilização da força de trabalho — percentual de pessoas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas e na força de trabalho potencial em relação à força de trabalho ampliada — ficou em 14,9%.
Dos 10 grupamentos de atividade investigados pela Pnad, apenas administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais registraram crescimento na ocupação. Os demais não apresentaram variação significativa.
Segundo Pedro Ros, CEO da Referência Capital, o índice registrado sobre desemprego indica uma relativa resiliência do mercado de trabalho, mas ainda dentro de um cenário de crescimento moderado e heterogêneo. “A criação de vagas ocorre de forma concentrada em setores de baixa produtividade, o que limita os ganhos de renda e a expansão do consumo”, ponderou.
“Para impulsionar o emprego com qualidade, o país precisa de um ambiente econômico mais previsível, com estímulos ao investimento, políticas de qualificação profissional e acesso ao crédito. O desafio agora é transformar essa estabilidade em dinamismo real”, afirmou o especialista.
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Rendimento
O rendimento médio mensal real habitual de todos os trabalhos chegou a R$ 3.457 no trimestre de março a maio de 2025, resultado estável. O maior número de pessoas ocupadas ampliou a base de rendimentos. A massa de rendimento real habitual, que é a soma das remunerações de todos os trabalhadores, atingiu R$ 354,6 bilhões, batendo novo recorde, uma alta de 1,8% no trimestre.
“Como o rendimento médio real permaneceu estável, consequentemente ocorreu aumento da massa de rendimentos, ou seja, a maior massa de rendimentos resultou quase exclusivamente da expansão do volume de ocupados, e não de aumento do rendimento médio”, explicou o analista da pesquisa.
O resultado revela uma economia com o mercado de trabalho surpreendentemente resiliente, mesmo diante de juros elevados e crescimento econômico moderado. Para Igor Cadilhac, economista do PicPay, a leitura qualitativa do indicador sugere que o segmento segue robusto, e os sinais recentes de deterioração em sua composição parecem ter sido pontuais.
“Diante das surpresas observadas nos últimos meses e da natureza cíclica do mercado de trabalho, ainda esperamos uma desaceleração gradual do setor, embora ele deva permanecer nesses níveis historicamente mínimos por mais algum tempo”, avaliou. Para 2025, a projeção do economista é de uma taxa média de desemprego encerrando o ano em 6,4%.
Com os resultados, a XP manteve seu cenário base de mercado de trabalho aquecido, sem sinais evidentes de arrefecimento nas métricas principais. De acordo com Rodolfo Margato, economista da XP, o emprego total segue em alta, os salários reais continuam avançando, e a massa de renda permanece em forte expansão — fatores que mantêm os custos unitários do trabalho pressionados. “Esses elementos sustentam o cenário de atividade doméstica resiliente e de inflação de serviços ainda elevada em 2025”, destacou.
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