Entenda como hino pode pôr fim a trabalho de treinador da seleção inglesa

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Desde a demissão do técnico Gareth Southgate, vice-campeão da Eurocopa em 2021 e 2024, a Inglaterra busca um substituto para o cargo. Em geral, a Federação Inglesa (FA, na sigla em inglês) opta por treinadores do Reino Unido, semelhante ao que acontece no Brasil. Na vitória sobre a Irlanda por 2 a 0 MP sábado, no entanto, Lee Carsley, ex-jogador de futebol irlandês, esteve sob o comando do time inglês, de forma interina.

 

Carsley é treinador da seleção sub-21 e assumiu o trabalho enquanto a FA define qual será o nome a suceder Southgate. Ele não está descartado para a posição, já que é um dos responsáveis pelo sucesso das categorias de base da Inglaterra – conquistou a Eurocopa da categoria em 2023 – e se mostra capacitado para o cargo. No entanto, a nacionalidade irlandesa é um problema para os torcedores e a imprensa inglesa.

Ex-jogador, Carsley nasceu em Birmingham, na Inglaterra, mas optou por defender a Irlanda ao longo de sua carreira. Em 2002, disputou a Copa do Mundo da Coreia do Sul e Japão com a seleção nacional. Além disso, em entrevistas recentes, ele afirmou que não cantaria o hino antes das partidas da Inglaterra. Os dois motivos foram o suficiente para que o treinador tivesse a antipatia e um clima adverso em seu trabalho, ainda que provisório.

“Sempre estive muito focado no jogo e nas minhas primeiras ações. Naquele período (da execução dos hinos), sempre estive cauteloso com a possibilidade da minha divagar. Respeito ambos e compreendo o quanto eles significam para os países”, afirmou Carsley, antes da partida entre Inglaterra e Irlanda pela Liga das Nações. O foco, no momento dos hinos, é somente na partida. “Estava muito focado no futebol, enquanto atuava como jogador, e levei isso para no meu trabalho como treinador”.

Mesmo com essa explicação, o treinador não conseguiu escapar de periódicos como o The Telegraph e Daily Mail, que pedem a “cabeça” do treinador. De fato, Carsley não se preocupou em cantar o hino da Inglaterra antes da partida contra a Irlanda, em Dublin – os ingleses venceram por 2 a 0, com gols de Declan Rice e Jack Grealish. Ambos, inclusive, têm origem irlandesa e defenderam a seleção da Inglaterra.

Carsley, se for efetivado, não seria o primeiro treinador estrangeiro à frente da Inglaterra. Sven-Goran Eriksson, da Suécia – morto neste ano, vítima de câncer – e Fabio Capello, da Itália, já comandaram a seleção, inclusive em Copa do Mundo. A questão com o irlandês envolve também a rivalidade histórica entre Inglaterra e Irlanda.

No século 12, Henrique II, rei da Inglaterra, ordenou a invasão do território que pertencia à Irlanda. Após oito de séculos de colonização e disputas religiosas, a Irlanda conseguiu sua independência após conflito armado, entre 1919 e 1921, deixando o Reino Unido.

Independentemente do futuro de Carsley à frente da seleção inglesa, o time volta a campo nesta terça-feira, para encarar a Finlândia, no estádio de Wembley, pela segunda rodada do Grupo 2 da Liga das Nações B. Se efetivado, além de se provar para a população inglesa, o treinador também terá a missão de subir de divisão na competição europeia, após rebaixamento na última edição.

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