Novo medicamento para obesidade é importante, mas mudar hábitos continua essencial

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(FOLHAPRESS) – A aprovação pela Anvisa do Wegovy, primeiro medicamento injetável de uso semanal para a obesidade, pode ser uma importante estratégia no combate à condição no Brasil, apontam especialistas. No entanto, a adoção de outras medidas, como alimentação saudável e prática de atividades físicas, continua essencial. O alto valor do medicamento também preocupa.

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Segundo estimativa da World Obesity Federation, uma organização internacional voltada para redução, prevenção e tratamento da obesidade, em 2030 o Brasil terá quase 30% da população adulta vivendo com obesidade. Essa é uma das taxas mais altas em todo o mundo.

Por isso, a aprovação do novo remédio é considerada um ponto positivo para diminuir o alto número do Brasil. “Você ter um medicamento que é seguro e mais eficaz do que os antigos é de fato um avanço”, diz Licio Velloso, professor titular de medicina da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e coordenador do Centro de Pesquisa em Obesidade e Comorbidades.

Estudos clínicos com mais de 4.500 pessoas no mundo observaram que o remédio levou a uma redução média de 17% do peso corporal nos pacientes em cerca de 17 meses. Em contrapartida, aqueles que utilizaram o placebo perderam 2,4% de peso corporal.

Produzido pela Novo Nordisk, o Wegovy é o nome comercial para a semaglutida 2,4 mg. Velloso explica que a substância foi projetada por engenharia genética para agir em neurônios associados com a sensação de saciedade. O fármaco aumenta essa percepção mesmo sem a pessoa comer nada ou com uma baixa alimentação.

“É como se esse fármaco imitasse o papel que a ingestão de alimento teria. Então, o indivíduo acaba sentindo como se tivesse comido”, explica o professor. Ao ocasionar essa noção, o paciente perde peso no decorrer do tratamento.

Outra substância com funcionamento semelhante é a liraglutida. No Brasil, ela já contava com autorização em casos de obesidade. Entretanto, a semaglutida apresenta algumas vantagens.

“Ela é um avanço porque tem maior potência e é mais segura”, afirma Velloso. O professor cita que a semaglutida tem maior tempo de permanência no organismo. Isso faz com que o paciente faça uso da injeção uma vez por semana -para a liraglutida, isso ocorre diariamente. Além disso, ela proporciona melhor sensação de saciedade, o que tem relação com maior perda de peso.

OUTROS MEDICAMENTOS

Além da liraglutida e da semaglutida, outros dois remédios têm autorização para tratamento de obesidade no Brasil: o orlistate e a sibutramina. Velloso afirma que os dois primeiros têm ações mais específicas.

O orlistate inibe uma enzima que temos no intestino com a função de absorver gordura. Quando a pessoa come um alimento gorduroso e está tomando o orlistate, o remédio inibe a enzima e a gordura é descartada nas fezes. O problema é que esse mecanismo pode causar diarreias em razão da gordura sair durante a defecação. “Não é um medicamento muito confortável, tanto que ele não é tão utilizado”, diz Velloso.

Já a sibutramina age no cérebro diminuindo a vontade de comer alimentos que dão prazer ao paciente. O problema é que ela tem associação com efeitos colaterais, não sendo recomendada para pessoas com doenças cardíacas. “Isso é muito importante porque boa parte dos pacientes com obesidade tem doenças cardiovasculares. Então você elimina uma parcela grande das pessoas que não podem usar a sibutramina”, afirma Velloso.

‘NÃO VAI RESOLVER O PROBLEMA’

Mesmo que a aprovação do novo medicamento com maior taxa de eficácia e mais seguro seja um ponto positivo para o controle da obesidade, outras ações ainda continuam necessárias. Velloso afirma que o fármaco por si só “não vai resolver o problema”, já que o consumo de alimentos saudáveis e menos calóricos, aliado à prática de atividade física, é essencial.

“As mudanças de hábitos são a base de qualquer tipo de atenção à saúde da pessoa com obesidade”, afirma Paulo Miranda, presidente da Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia). Segundo ele, outras ações, como os medicamentos, vêm para auxiliar nas outras estratégias.

Miranda ainda afirma que é necessário incorporar novas tecnologias no SUS (Sistema Único de Saúde) para que remédios como a semaglutida sejam acessíveis a uma maior parcela da população.

“Nós não temos nenhuma terapia farmacológica disponível para o tratamento da obesidade inserida no SUS. Então os pacientes que dependem do SUS para seu atendimento e para o fornecimento dos medicamentos, ficam desassistidos nesse cenário.”

Ainda não existem expectativas de submissão do fármaco à Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS) para disponibilização na saúde pública. A farmacêutica Novo Nordisk também não tem previsão de quanto o medicamento custará no Brasil. Nos Estados Unidos, onde a semaglutida já é comercializada, o preço de tabela é de US$ 1.349 (cerca de R$ 6.000).

Pelo valor, Velloso diz acreditar que a semaglutida fique restrita à população de mais alta renda. Mas, para ele, os custos do remédio diminuirão, fazendo com que fique mais acessível com o tempo.

O professor da Unicamp cita o caso da liraglutida. Segundo ele, no início, o medicamento custava entre R$ 1.600 e R$ 1.700. Em cerca de cinco anos, o remédio teve diminuição do preço, até chegar a um valor médio atual de R$ 800 -cerca de metade do valor inicialmente praticado.

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