SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Ministério da Defesa do México anunciou na terça-feira (3) o envio de 200 soldados a Ciudad Juárez, na fronteira com os Estados Unidos, para combater o crime organizado. O deslocamento dos militares ocorre dois dias depois de um ataque armado a uma penitenciária na mesma cidade que resultou em 26 mortes e facilitou a fuga de dezenas de detentos -25 ainda estão foragidos.
A invasão aconteceu na manhã de domingo (1º), quando familiares dos detentos aguardavam em fila para as visitas. Um grupo de homens armados chegou à penitenciária Cereso 3 a bordo de veículos blindados e abriu fogo contra os guardas da unidade. O ataque também foi o gatilho para uma rebelião no interior da prisão e gerou pânico na população da região.
Segundo o Ministério Público do estado de Chihuahua, a situação só foi controlada cinco horas após o ataque. Quando autoridades federais chegaram para ajudar a restaurar a ordem, encontraram uma espécie de “zona VIP” na prisão, em que os detentos tinham acesso a drogas e dinheiro. Alejandro Alvarado Téllez, diretor da Cereso 3, foi exonerado do cargo e está sendo investigado acerca de possíveis ligações com o ataque.
Ainda no domingo, 19 pessoas morreram -dez guardas da unidade, sete detentos e dois atiradores. Outras sete mortes foram confirmadas nas operações de busca dos foragidos em Ciudad Juárez: cinco suspeitos que teriam atirado contra viaturas policiais e dois funcionários da Agência Estadual de Investigações.
De acordo com comunicado do MP, os cinco suspeitos mortos usavam coletes à prova de balas, capacetes e outros equipamentos táticos. Foram apreendidas quatro armas longas. Não está clara a relação entre esse grupo e o que atacou a penitenciária. Segundo o secretário da Defesa, Luis Cresencio Sandoval, cinco criminosos foram recapturados.
Entre os foragidos está o chefe de um grupo aliado do cartel de Ciudad Juárez em sua guerra contra o de Sinaloa, anteriormente liderado por Joaquín “El Chapo” Guzmán, condenado à prisão perpétua nos EUA.
Trata-se de Ernesto Alfredo Piñón, conhecido como “El Neto”. Ele estava preso desde 2009 e, no ano seguinte, foi condenado a mais de 200 anos por sequestro e homicídio. Um grupo de criminosos já havia tentado libertar Piñón pouco após sua captura, mas não teve sucesso.
Na terça, familiares de prisioneiros fizeram fila do lado de fora da prisão. Ouvidos pela agência de notícias Reuters, eles relatam falta de informação por parte das autoridades locais.
Ciudad Juárez fica a cerca de três quilômetros de El Paso, no estado americano do Texas e, por isso, é considerada um ponto crucial para o tráfico de drogas tanto para o México quanto para os EUA -e já foi vista como uma das mais violentas do mundo.
O ataque de domingo foi um dos maiores episódios de violência prisional do país nos últimos anos. A mesma Cereso 3, inclusive, foi palco em 2009 de uma disputa entre grupos rivais que deixou 20 mortos. Um relatório da Comissão Estatal de Direitos Humanos divulgado em fevereiro do ano passado contabilizou mais de 3.700 detentos na unidade, que tem capacidade para 3.135.