Entre os pássaros mais comuns das áreas urbanas e rurais do Brasil, o bem-te-vi chama atenção pelo amarelo vivo do peito, pelo topo da cabeça listado de branco e preto e pela forma marcante como vocaliza ao longo do ano. A espécie Pitangus sulphuratus, presente em grande parte da América Latina, adapta-se com facilidade a praças, jardins, sítios e margens de rios, ajustando seu canto às mudanças ambientais e ao ruído das cidades.

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O que torna o canto do bem-te-vi tão marcante

O canto mais conhecido do bem-te-vi é formado por poucas notas, lembrando claramente a expressão “bem-te-vi”. Essa aparente simplicidade esconde um repertório amplo de sons, que inclui chamados de alarme, vocalizações de contato e sinais usados em disputas territoriais e na época reprodutiva.

Do ponto de vista biológico, o canto funciona como um “cartão de visita” sonoro, ajudando a demarcar espaço, afastar rivais e atrair parceiros. Em áreas urbanas, o bem-te-vi ajusta volume e duração das notas para se destacar entre ruídos de carros, construções e outras aves, o que torna seu canto versátil e facilmente audível à distância.

O canto do bem-te-vi muda conforme a estação do ano

A impressão de que o canto do bem-te-vi muda ao longo do ano está ligada ao ciclo reprodutivo e às condições ambientais de cada estação. Na primavera e no início do verão, a vocalização se torna mais frequente, especialmente ao amanhecer, coincidindo com a formação de casais, construção de ninhos e cuidado com os filhotes.

No outono e no inverno, a intensidade e a constância do canto tendem a diminuir, embora o pássaro continue vocalizando. Nesses períodos, são priorizados chamados de contato e vocalizações para manter o grupo unido e indicar fontes de alimento, com o repertório básico mantido, mas usado em padrões diferentes.

Quais fatores influenciam a variação do canto do bem-te-vi

Além do ciclo reprodutivo, diversos fatores ambientais e sociais influenciam como e quando o bem-te-vi vocaliza. Em áreas muito urbanizadas, por exemplo, a espécie pode antecipar o início do canto para horários mais silenciosos ou aumentar a intensidade das notas para superar o ruído de fundo.

Essas mudanças de padrão não significam um “novo canto”, mas sim ajustes na frequência, intensidade e função das vocalizações ao longo do ano. Entre os principais fatores que modulam essa variação, destacam-se:

• Temperatura e clima – dias muito frios, chuvosos ou com vento forte tendem a reduzir a atividade vocal;
• Disponibilidade de alimento – maior oferta de insetos e frutos mantém os indivíduos mais ativos, inclusive na vocalização;
• Competição acústica – presença de outras espécies cantoras leva o bem-te-vi a ajustar horários ou intensidade do canto;
• Predadores – aumenta a emissão de chamados de alarme, mais rápidos e agudos;
• Interação social – disputas territoriais e aproximação de parceiros intensificam o uso do canto clássico.

O canto do bem-te-vi costuma mudar ao longo do ano e isso chama atenção de quem observa aves com frequência. Neste vídeo do canal Planeta Aves, que reúne mais de 1.26 milhões de inscritos e soma cerca de 563 mil visualizações, você entende por que esse pássaro altera o canto conforme a estação:

Como o bem-te-vi usa o canto no dia a dia

O bem-te-vi não vocaliza apenas para marcar presença, mas também para organizar a vida social e explorar o ambiente. Em quintais e praças, é comum vê-lo pousado em fios elétricos, antenas ou galhos expostos, de onde observa o entorno enquanto emite diferentes tipos de sons.

No cotidiano, o canto e as vocalizações cumprem funções variadas, como defesa de território, comunicação entre parceiros, alerta contra predadores e manutenção da coesão do grupo. Pequenos chamados ajudam a coordenar voos curtos em busca de alimento e a manter contato entre adultos e filhotes em áreas abertas ou muito ruidosas.

Como observar melhor o canto do bem-te-vi em diferentes ambientes

Observar o canto do bem-te-vi ao longo das estações permite perceber mudanças que acompanham chuva, seca, época de ninho e nível de ruído das cidades. Em ambientes urbanos, o canto costuma ser mais intenso ao amanhecer, enquanto em áreas rurais pode se estender um pouco mais pelo dia.

Para quem se interessa por comportamento de aves, vale anotar horários, tipos de vocalização e situações em que o bem-te-vi canta, como presença de rivais, predadores ou novas fontes de alimento. Assim, o canto deixa de ser apenas um som de fundo e se torna um indicador do comportamento e da presença dessa ave em diferentes paisagens.