O mercado de trabalho formal no Brasil vem registrando avanços consistentes ao longo de 2025. Dados do Novo Caged, divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, indicam que o país manteve a criação de vagas em outubro, elevando o estoque de empregos com carteira assinada em um contexto de recuperação gradual, mudanças no perfil das contratações e maior participação do setor de serviços.

Saldo de empregos formais no Brasil em 2025
Entre janeiro e outubro de 2025, o saldo positivo de empregos superou 1,8 milhão de vínculos celetistas, indicando expansão do emprego formal, ainda que em ritmo moderado frente a períodos anteriores. O crescimento se dissemina entre os grandes setores econômicos e a maioria das unidades da federação, com destaque para São Paulo e Minas Gerais.
O avanço reflete melhorias graduais na confiança de empresas e consumidores, sustentadas por inflação mais controlada e crédito um pouco mais acessível. Analistas ressaltam, porém, que o ritmo de criação de vagas segue dependente do cenário macroeconômico, dos investimentos produtivos e da estabilidade das políticas públicas.
Setor de serviços lidera a geração de empregos formais
O setor de serviços respondeu pela maior parte das vagas criadas em outubro e se consolidou como principal motor da criação de empregos formais em 2025. Esse segmento abriu mais de 80 mil postos no mês e, no acumulado do ano, ultrapassou 960 mil empregos gerados, com avanço superior a 4% no número de vínculos.
Educação, saúde, tecnologia da informação, transporte, alojamento e serviços administrativos impulsionam esse desempenho em um ambiente de retomada das atividades presenciais e digitalização acelerada. A combinação de serviços presenciais e remotos amplia o leque de ocupações e abre espaço para novas profissões ligadas à economia digital.
Setor de serviços impulsiona o saldo de emprego no país
O setor de serviços tem sido determinante para o saldo positivo de empregos observado em 2025, mantendo crescimento firme mesmo quando outros segmentos mostram resultados mais moderados. Sua capilaridade regional e a relação direta com o consumo das famílias explicam a capacidade de gerar vagas em volume elevado e de forma relativamente rápida.
Indústria de transformação, comércio, construção civil e agropecuária também contribuem, cada um com ritmos e características próprios. A indústria é impulsionada por alimentos, a construção cresce mais de 7% no estoque de empregos, o comércio avança cerca de 2%, e a agropecuária mantém saldo positivo, com destaque para laranja, colheitas diversas e criação de bovinos.
Modalidades de contrato que mais crescem no mercado formal
As modalidades de contrato mostram diversificação, com aproximadamente dois terços das vagas abertas em outubro em vínculos típicos e cerca de um terço em empregos não típicos. Contratos intermitentes e jornadas de até 30 horas semanais ganham espaço, facilitando a entrada de determinados perfis de trabalhadores, especialmente jovens e pessoas em transição de carreira.
Essa mudança reflete a busca das empresas por flexibilidade e ajuste de custos, ao mesmo tempo em que redefine trajetórias profissionais e padrões de remuneração. Entre os formatos que vêm se destacando, observam-se diferentes arranjos contratuais, cada um com impactos próprios sobre estabilidade e renda:
- Contratos intermitentes, com remuneração variável conforme a demanda de trabalho.
- Jornadas parciais de até 30 horas semanais, voltadas a quem busca conciliar trabalho e estudo.
- Contratos temporários vinculados a sazonalidades, como datas comemorativas e safra agrícola.
- Vínculos típicos com maior estabilidade, porém com ritmo de crescimento mais moderado.

Distribuição regional e participação de mulheres e jovens
A expansão do emprego formal se reflete em 21 das 27 unidades da federação com saldos positivos em outubro, mostrando que a geração de vagas não se concentra em poucos estados. São Paulo lidera em números absolutos, seguido por Minas Gerais e Paraná, enquanto o Distrito Federal e alguns estados do Nordeste e Norte apresentam os maiores avanços proporcionais.
No recorte por gênero, as mulheres tiveram participação predominante no saldo de outubro, especialmente em serviços, com contratações mais que o dobro das de homens. Já os jovens de 18 a 24 anos responderam pela maior parcela das admissões, seguidos por adolescentes em programas de aprendizagem, concentrados em serviços, comércio e indústria de transformação.
Variação do salário de admissão entre setores e tipos de contrato
Em outubro de 2025, o salário médio real de admissão ficou em torno de R$ 2.300, com leve aumento mensal e ganho real frente a 2024, sugerindo recuperação gradual do poder de compra dos recém-contratados. Entre trabalhadores típicos, a média ultrapassou R$ 2.340, enquanto nos vínculos não típicos a remuneração foi cerca de 14% menor, próxima de R$ 1.970.
Setores de serviços de maior valor agregado, como tecnologia da informação, finanças e serviços profissionais, oferecem salários iniciais mais elevados, acima da média nacional. Já atividades com maior presença de trabalho de base, como parte do comércio, serviços pessoais e construção, apresentam remunerações de entrada mais próximas ou abaixo da média, pressionando o patamar geral do salário médio no país.
