O Corinthians atravessa um período de retração no mercado de transferências. A atual diretoria, diante de um cenário financeiro instável, opta por uma abordagem conservadora. A prioridade são movimentações pontuais, com contratações ajustadas à realidade orçamentária da instituição, tanto no futebol masculino quanto no feminino.
No futebol masculino, o clube demonstrou interesse em atletas como Victor Sá, do Krasnodar, mas esbarrou em exigências financeiras elevadas. Tentativas semelhantes, como a negociação frustrada por Biel, anteriormente no Sporting, também exemplificam os obstáculos enfrentados.
Já no futebol feminino, a única adição até agora foi Ivana Fuso, atacante de 24 anos oriunda do Birmingham, da Inglaterra. O clube considera o mercado pouco acessível e vê a manutenção do atual grupo como uma alternativa viável diante das dificuldades impostas pela situação econômica.
Comando técnico reforça confiança interna
Lucas Piccinato, técnico do time feminino, reconheceu as limitações enfrentadas, mas ressaltou a qualidade do elenco atual. “A gente tem um elenco extremamente qualificado […]. Jogadoras experientes, jogadoras que chegaram nessa temporada, jogadoras que subiram da base”, afirmou.
Em meio à ausência de reforços, Piccinato destacou o bom desempenho da equipe no primeiro semestre e demonstrou otimismo para a sequência da temporada. “Sinto que o time terminou muito bem o semestre e que a gente vai iniciar muito bem esse segundo semestre”, completou.
Elenco curto e carências táticas preocupam
A manutenção do plantel, embora estratégica, gera preocupação. O elenco feminino carece de opções no meio-campo e nas laterais. As convocações de Yaya e Day Rodríguez deixam o setor sem volantes de origem, forçando improvisações como a de Vic Albuquerque.
As substitutas de Tamires e Gi Fernandes também não apresentam o mesmo desempenho, gerando desequilíbrio na formação da equipe.
Apesar da limitação, Piccinato evitou críticas diretas ao cenário extracampo e manteve o foco nos objetivos da temporada. “Se outras equipes estão fazendo movimentações maiores, talvez eles tenham outros problemas. A gente confia muito no grupo que a gente tem”.
Diretoria adota perfil conservador
Dorival Júnior, no comando do time masculino, tem solicitado reforços, sobretudo para o setor ofensivo, mas compreende as restrições atuais. O treinador mantém diálogo constante com o presidente interino Osmar Stabile e o executivo Fabinho Soldado para avaliar possibilidades dentro do cenário viável.
“A gente tem um grupo enxuto, precisamos de peças pontuais. E estamos em duas competições. Em algum momento, teremos que fazê-lo”, declarou o técnico na última quarta-feira (30).
Comparação com rivais escancara contraste
Enquanto o Corinthians movimentou-se apenas uma vez até agora, rivais diretos como Palmeiras, São Paulo e Red Bull Bragantino anunciaram reforços em quantidade e diversidade. O clube alviverde, por exemplo, contratou seis atletas, incluindo a zagueira Ana Guzmán, do Bayern de Munique, e a atacante Emily Assis, do Madrid CFF.
A janela de transferências atual termina em 2 de setembro. Com isso, o tempo para reverter esse cenário é limitado.
Reflexos administrativos e discurso institucional
A cautela no mercado reflete um ambiente mais amplo de instabilidade interna. O presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Júnior, comentou recentemente sobre investigações internas e reformulações em andamento. Em entrevista coletiva, afirmou: “O Corinthians precisa virar essa página […]. A gente quer ser um Flamengo, e vamos ser!”.
A fala traduz uma tentativa de reposicionamento institucional e resgate de credibilidade após crises financeiras e políticas recentes. Nesse contexto, o futebol acaba sendo também um termômetro do momento administrativo vivido no Parque São Jorge.
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