No início de sua história, Roberto Bete não imaginava que seria ele a vivenciar uma gestação. Ao lado de sua parceira, Erika Fernandes, eles sonhavam com a paternidade e maternidade, respectivamente. Em entrevista à Revista Crescer, Roberto detalhou experiências e desafios enfrentados durante essa jornada única.
Roberto, um homem trans de São Paulo, encarou inúmeros obstáculos para trazer Noah ao mundo, em 2022. Entre desafios internos e externos, o desejo de ser pai sempre foi um combustível constante. A complexidade desse percurso trouxe lições valiosas sobre aceitação, amor e a evolução da sociedade em relação às identidades trans.
Quais foram os desafios enfrentados por Roberto durante a gestação?
A gestação como um homem trans apresentou inúmeras dificuldades para Roberto. A interrupção dos hormônios masculinos que já consumia há anos foi apenas o começo. A combinação dos efeitos hormonais da gravidez e a disforia de gênero criou um turbilhão emocional, desafiando sua estabilidade e identidade.
“Era algo novo. Foram altos e baixos. Teve momentos muito legais, de muita conexão, de muito prazer. Mas teve momentos também de muito medo e insegurança”, disse à Crescer.
A sociedade, por sua vez, também se mostrou um obstáculo significativo. As críticas recebidas nas redes sociais ressaltaram os preconceitos ainda presentes. Roberto e Erika tornaram-se alvos de comentários maldosos, testando a resistência emocional do casal. Apesar disso, eles encontraram força na esperança de um futuro mais inclusivo para seu filho.
“No começo, foi bem difícil administrar isso”, explicou.
Como Roberto lidou com os aspectos emocionais e físicos da gravidez?
Durante a gravidez, Roberto experimentou uma série de emoções complexas e profundas. A fragilidade física no decorrer da gestação desafiou sua percepção de força, especialmente por ser uma pessoa ativa e independente. Além disso, a sensibilidade emocional reforçada pelos hormônios aumentou o impacto da experiência gestacional.
Apoiado por sua doula, Roberto encontrou novas perspectivas que lhe proporcionaram conforto. Refletindo sobre a força única do útero, ele conseguiu reinterpretar sua experiência como um ato de força e não de vulnerabilidade. A conexão crescente com Noah tornou o processo não só suportável, mas também gratificante.
Quais foram os impactos da chegada de Noah na vida do casal?
O nascimento de Noah trouxe um turbilhão de emoções e transformações para Roberto e Erika. O parto, descrito como um dos maiores momentos de êxtase da vida de Roberto, marcou o início de uma nova fase. Entretanto, o período pós-parto foi desafiador, com a rápida retomada de suas atividades profissionais.
“Não tive tempo de recuperação, de ficar ali, curtindo o bebê”, revelou.
A amamentação tornou-se outra parte significativa dessa experiência. Erika, utilizando a translactação, possibilitou a amamentação do bebê, um processo que apresentou seus próprios desafios. Enfrentaram preconceitos, mas também descobriram a capacidade de resiliência e evolução.
Qual é o futuro dos sonhos de Roberto para sua família?
Hoje, Roberto e Erika seguem caminhos separados, mas unidos pelo amor e cuidado a Noah. Roberto expressa o desejo de aumentar a família, considerando a adoção como uma possibilidade viável. O impacto da paternidade em sua vida reforçou seu desejo de contribuir positivamente para o mundo através de sua criação.
O legado que espera deixar para Noah se funda na aceitação, amor e inclusão. Roberto encoraja outros homens trans que sonham em ser pais, destacando que não existem momentos perfeitos, mas que a presença de um filho traz sentido e motivação para enfrentar as adversidades.
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