Inquérito sobre menina imprensada por carro alegórico perto do fim

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Raquel morreu dia 22 de abril de 2022


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Reprodução

 

As investigações da morte de Raquel Antunes, de 11 anos, estão chegando às fases finais. Ela foi imprensada entre um poste e um carro alegórico da escola de samba Em Cima da Hora no dia 20 de abril do ano passado e não resistiu. 

De acordo com a 6ª DP (Cidade Nova), que investiga o caso, o inquérito deve ser concluído nos próximos dias. A escola de samba, assim como outras que integraram o grupo da série de ouro, não entregaram os documentos necessários para desfilar na Sapucaí.

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Agora, na reta final das investigações, a Civil vai incluir os laudos e oitivas do ex-presidente da escola de samba, de engenheiros responsáveis e do presidente da Liga Independente do Grupo A. Todos prestaram depoimentos como testemunhas. O caso está sendo investigado como homicídio culposo.

O que disse a escola

Flavio Azevedo da Silva, ex-presidente da agremiação, disse que ele era o responsável por acompanhar a dispersão. Segundo o depoimento, quando houve o “problema com a menor Raquel, notou uma parada anormal no movimento do comboio” e, logo após, viu um funcionário do Carvalhão sinalizando.

Medidas não seguidas

Wallace Alves Palhares, presidente da Liga-RJ, disse à Polícia Civil que as anotações de responsabilidade técnica (ART) e fiscalizações feitas pelo Corpo de Bombeiros são uma exigência para 2023. Essas medidas entraram em vigor após a tragédia que matou Raquel. 

Ele também admitiu que a Liga não faz nenhum tipo de vistoria em barracões ou mesmo nos carros alegóricos. 

A Promotoria de Infância e Juventude, no entanto, havia pedido a liga, em 2019, que providenciasse seguranças para evitar que crianças subissem nos carros alegóricos, principalmente no momento de concentração e dispersão. Quando questionado sobre isso, Palhares disse que não tinha conhecimento por não ser presidente na época.

Documentação não entregue

Segundo o Corpo de Bombeiros, somente 6 agremiações mirins, além da Viradouro e da Vila Isabel, do grupo Especial, entregaram as documentações necessárias para desfilar. Nenhuma da Série Ouro, no qual a Em Cima da Hora faz parte, entregou o documento.

Por meio de nota, os militares informaram que, neste ano, vão contar com “brigadistas (bombeiro civil) dando suporte técnico para em caso de algum sinistro ou incidente de combate a incêndio” na Sapucaí. Já a orientação de foliões e staff na dispersão vai ficar a cargo da Guarda Municipal. 

Relembre o caso

A jovem foi imprensada pelo carro alegórico da escola de samba Em Cima da Hora, durante os desfiles que abriram o carnaval no Rio de Janeiro. Ela ficou internada no Hospital Souza Aguiar em estado gravíssimo, precisou amputar a perna direita, mas não resistiu aos ferimentos e veio a falecer.

Durante a cirurgia, a menina teve uma parada cardiorrespiratória, além de traumatismo no tórax e necessitar de aparelhos para conseguir respirar. De acordo com uma funcionária do hospital, Raquel morreu devido a uma hemorragia interna.

De acordo com as autoridades, ficou constatado que o carro alegórico foi rebocado de forma errada e sem visão para o motorista.

Além disto, o laudo aponta outras falhas no processo, como:

A alegoria apresentava problemas no motor, sendo assim, necessitou ser rebocada, mas durante o processo, o acoplamento foi feito de forma errada, com correntes e parafusos irregulares. Desta forma, o veículo estava balançando para esquerda e direita.
Quando o veículo estava saindo, havia somente supervisão de dois guias: um do lado esquerdo e outro na parte da frente. Do lado direito, onde Raquel foi imprensada, não havia ninguém para orientar e alertar sobre o poste no caminho.
O lado direito do caminhão estava com a luminosidade baixa.
O poste em que o acidente ocorreu foi erguido em desacordo com as normas da ABNT, ou seja, não deveria estar ali. Além de não possuir luminosidade.
Não havia isolamento adequado da Rua Frei Caneca, via de escoamento das alegorias, permitindo a circulação desordenada de pessoas.

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